O Chelsea de 2012 e a Itália de 1982

Quase 30 anos se passaram e novamente os fãs do futebol arte se decepcionaram ao verem a equipe que encantou a todos, sucumbir frente ao futebol pragmático e de resultados. O Chelsea, clube londrino que foi comprado pelo russo Roman Abramovich, após algumas “bolas na trave”, finalmente atingiu seu objetivo maior, a conquista da Liga dos Campeões da Europa e, além disso, ao vencer na sequência Barcelona e Bayern de Munique, lembrou a Seleção Italiana que na Copa de 1982 na Espanha, eliminou equipes tecnicamente superiores como o Brasil de Telê Santana e a Argentina de Maradona nas quartas de final, e venceu a Alemanha na final. O Chelsea cujo uniforme é azul como o da Itália, é treinado atualmente pelo técnico Roberto Di Matteo, suíço naturalizado italiano. Coincidência ou não, a atual equipe do Chelsea, assim como a Seleção Italiana, tem como maior característica, a incansável aplicação na marcação, e chegou à fase final da Liga desacreditada pelos fracos resultados, que resultaram na demissão do então técnico português André Villas-Boas. Em 1982, a Seleção Italiana desembarcou na Espanha com uma equipe igualmente desacreditada, na qual seu principal jogador durante a competição, o atacante Paolo Rossi, vinha de um período de inatividade de duas temporadas em razão de suspensão por envolvimento com manipulação de resultados no campeonato italiano (sim, naquela época também acontecia!). Não que a equipe do Chelsea, assim como a seleção da Itália sejam exemplos de futebol feio, a questão é que em ambas as ocasiões haviam equipes consideradas mais qualificadas tecnicamente. Mas felizmente ou infelizmente, o futebol é realmente o único esporte onde o “menos capaz” pode surpreender e sobrepujar um adversário considerado favorito. Acredito que não seja uma questão de fatalidade ou má sorte. Toda equipe, por melhor que seja, possui algum ponto fraco, que pode ser explorado pelo adversário. Desde que não haja deslealdade nas disputas dentro de campo, ou desonestidade nos bastidores, não vejo nenhum demérito em se adotar uma postura defensiva frente a um adversário que é respeitado por sua superioridade. Definitivamente, humildade não faz mal a ninguém e ainda por cima, ajuda a vencer campeonatos!